Texto: II Crônicas 34:1-8
Introdução
Há alguns anos, no meio da igreja cristã evangélica, muito se comentou a respeito de uma tal maldição hereditária. Basicamente tratava-se, e para aqueles que ainda são assombrados por ela, trata-se de um tipo de maldição que paira sobre a vida dos filhos e posteriormente dos filhos dos filhos até a quarta geração, em decorrência de um erro cometido pelos pais.
Não nos ateremos aos meandros desta falácia, mas ao longo dos anos percebeu-se que esta teoria decorria da ausência de uma sadia leitura bíblica. No entanto, há nesta teoria uma preocupação, distorcida obviamente, com o que os pais fazem que pode influenciar o futuro de seus filhos.
Pensando assim, melhor será nos voltarmos para a palavra de Deus e buscarmos nela exemplo do que ensinar às nossas crianças para que trilhem um caminho de crescimento pessoal sadio, de boa conduta na sociedade e especialmente de bom testemunho espiritual.
Tomemos como exemplo a vida do infante rei Josias que com oito anos de idade, sob a influência recebida de seus tutores para o bom governo e boa espiritualidade, rompeu com uma sequência de reinados inconsequentes e maus que perduraram cerca de cinquenta e cinco anos sobre a nação de Israel.
Vejamos os responsáveis, não preocupados com a maldição hereditária, mas com a boa conduta de vida das crianças para com Deus, para consigo mesmas e para com os outros podem lhes ensinar e assim trilharem um bom caminho.
Fundamento Teológico: A criança precisa aprender que…
I) O mal não deve receber adeptos (v.1-2)
Observamos no contexto que lemos que após décadas de reis inconsequentes e displicentes para com Deus e mais recentemente com o pai de Josias, Amom, a nação de Israel sofria em sua espiritualidade e vida social. Mais de meio século vivendo assim e o resultado foi que o local de adoração a Deus, o templo, deteriorou-se e a lei de Deus literalmente ficou esquecida dentro de um caixote. Obviamente há que se pensar que anos de ausência de adoração e leitura da palavra de Deus não podem produzir bons resultados na vida das pessoas. O povo acostumou-se com líderes que ignoravam o temor ao Senhor.
Mas a educação recebida por Josias não passou por este descaminho. A criança Josias tinha ao seu lado pessoas que o ensinaram que não havia a necessidade de seguir o mau exemplo de seus antecessores. Josias poderia, como de fato o fez, romper a sequência de maus governos pela boa influência recebida de seus responsáveis.
Para esta reflexão pensemos neste como o primeiro ensino às nossas crianças, assim como foi a Josias. Ou seja, elas não precisam reproduzir o pecado que as rodeia, podem pará-lo com ações que fazem bem aos olhos do Senhor e das pessoas em casa, na escola, na igreja ou na comunidade. Não é porque os outros fazem, que elas devem fazer também, pois a Bíblia nos ensina que um abismo atrai outro abismo (Sl 42.7), o mal acaba se convergindo em mais mal.
É por isso que para este ensino os responsáveis de nossas crianças precisam estar dispostos a ensiná-las que o mal não deve receber adeptos.
Vejamos o segundo ponto do que devemos ensinar às nossas crianças para uma boa conduta de vida para com Deus e para com os outros.
Fundamento Teológico: A criança precisa …
II) Ter uma vida de comunhão com Deus (v.3)
Os primeiros passos do menino rei Josias estavam sendo dado debaixo da tutela de pessoas sabias e tementes ao Senhor. A Bíblia nos informa que fazendo assim, ao crescer, difícil será à criança desviar-se deste bom caminho, Ec. 22.6.
De fato, o menino Josias cresceu sob uma vida de temor e comunhão com o Senhor. Prova disso é que ele passou, de forma autônoma, aos dezesseis anos de idade, a buscar a Deus consultando-o. Esta busca caracteriza-se, a partir do termo hebraico usado, darash, pela oração e adoração.
O menino rei que deste cedo fora instruído sabiamente por seus tutores, recebeu deles o valor de manter uma vida de comunhão com Deus e quando já moço, passou por conta própria a buscá-lo.
Semelhante modo, nossas crianças devem ser instruídas à comunhão com o Senhor e isso feito ainda em tenra idade. É preciso ensinar-lhes a oração e adoração de forma prazerosa e grata, e não meramente como rituais a serem seguidos em troca de uma bênção ou para se evitar um infortúnio.
Converse com a criança sobre o valor da oração, dê-lhe exemplo de sua própria vida, leia o texto bíblico junto com ela e não apenas obrigue-a a lê-lo. Mostre-a que este tempo de contato com Deus e sua palavra fortalece sua fé e seu crescimento espiritual.
Nossas crianças devem aprender que a comunhão com Deus é guia para um futuro sob a sua divina tutela. Guia para agir e reagir perante as realidades que se apresentam no cotidiano e a necessidade de participar do Reino de Deus com sabedoria.
Participar de ações para promover o Reino de Deus, também é algo que deve ser transmitido aos nossos pequenos, assim como foi a Josias. Vejamos.
Fundamento Teológico: A criança precisa …
III) Comprometer-se com a obra do Senhor (v.3-8)
Anos de desprezo pelo temor ao Senhor e a adoração permitiram o crescimento da idolatria pela cidade de Jerusalém e a deterioração do templo. Era como se o trabalho do Reino fosse deixado de lado em detrimento ao serviço a outros deuses e a realização pessoal.
Ao ser educado sabiamente por seus tutores, o menino rei Josias aprendeu não apenas a não compactuar com o mal e a cultivar uma vida de comunhão com o Senhor, mas também a comprometer-se com a obra do Senhor e isso significava eliminar os focos de idolatria na cidade e restaurar o templo para a adoração.
Quando chegou o tempo propício para assumir a responsabilidade na obra de Deus de purificação e reconstrução, Josias, que já não era mais criança, soube muito bem o que fazer o como fazer, sem temer represálias da sociedade, mas sendo obediente ao compromisso assumido ainda em tenra idade com a obra do Senhor. Não é por acaso que em II Rs 23.25 o escritor afirma que jamais houve outro rei que desse mais atenção à obediência à palavra de Deus.
Muito se preocupa em nossas igrejas com crianças que estão na fase de juniores ou pré-adolescência e em como manter o compromisso delas para com a igreja em suas atividades, o bom testemunho e apego pessoal à obra de Deus. Não são poucos os relatos de evasão eclesiástica nesta fase e para ela muitas atividades são estabelecidas, como que no afã de segurar estas crianças dentro a igreja.
No entanto, nos parece que os bons tutores de Josias e sua sabedoria foram suficientes para aplacar a sequência de maus exemplos anteriores que não influenciaram em nada o menino, o adolescente, o jovem Josias em cada uma de suas fases de crescimento.
Nossas crianças precisam muito mais do que apenas serem seguras dentro da igreja por meio de atividades, muitas vezes sem profundidade espiritual. Os tutores precisam rogar incessantemente ao Senhor por sabedoria ao ensino eficiente para que no tempo propício tais crianças, temerosas, conscientes e voluntariamente se doem ao trabalho da obra do Senhor e o farão por amor a ela e para cumprir mais uma atividade da igreja.
Conclusão
A criança aprende os valores que lhes são ensinados. Daí a nossa responsabilidade de conquistá-la com os valores da Palavra de Deus.
Aplicação
O que você tem feito para levar as crianças a Cristo?
Você tem procurado nutri-las com os ensinos da Bíblia?
Dê atenção à criança. Não trate suas dificuldades como se fossem coisas sem importância.
Seja amoroso. Abrace a criança, faça-a se sentir amada e protegida.
